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05-04-2005

Ouve Deus os Nossos Rogos ?


Crónica da América

Há uma frase atribuída a Jesus Cristo que diz: “Pedi, e recebereis”.O ser humano é convidado a pedir. A pedir sempre, e mesmo que o pedido não seja ouvido logo, que ele peça sempre, cem, mil vezes, todos os dias e todas as horas. Que ele peça sempre, de pé, de joelhos, deitado, andando, enfim. Diz-se também que, quem espera, sempre alcança. É a filosofia da esperança e da resignação. Um processo psicológico que tem, muitas vezes, o condão de servir de muleta ao espírito humano, na sua caminhada tortuosa por este “Vale de Lágrimas”.

Mas ouve Deus, realmente, as orações de quem pede e se humilha, como pedinte, de chapéu na mão, e espera dias, anos, e o seu pedido muitas vezes nunca é atendido? Eu sei que esta pergunta é pouco ortodoxa e algo rebelde. Mas eu tenho o pressentimento que Ele, Deus, gosta que lhe falem de cara levantada e sinceramente, perguntando se Ele tenciona, na verdade, atender os nossos pedidos.

Claro, eu sei que esta é uma maneira simplória de interpretar os altos mistérios que comandam o pensamento do Criador do Universo. Mas não me parece que os humildes e rudes pescadores da Galileia, ou até Maria Madalena, possuíam maior intuição, visão ou capacidade para absorver e digerir, em consciência, a profunda filosofia do Galileu, do que qualquer cidadão vulgar dos nossos dias, como eu, por exemplo. Também sei que a fé, é capaz de mover montanhas, Mas isso, infelizmente, é algo que está para alem das minhas forças, e do entendimento que Ele, teve a bondade de incluir na massa cinzenta que me dita estas falas..

Ia eu dizendo, que Deus não dá mostra de ouvir sequer os pedidos daqueles que foram escolhidos para ser os seus representantes na Terra, como por exemplo, o Papa João Paulo Segundo, que acaba de falecer. Falando aos católicos na Irlanda, em l979, João Paulo, disse: “De joelhos eu vos peço que deixeis os caminhos da violência e voltem ao caminho da paz e da justiça”.Pois não foi ouvido. Os caridosos cristãos irlandeses, continuaram a matar-se como gente grande.

Numa carta a Sadam Hussein, em 1991, quando este pensou em invadir o Kuweit, o Papa disse: “Eu rezo a Deus, para que ilumine o seu espírito e lhe conceda a força, para fazer um gesto generoso, que evite a guerra”.Como é do conhecimento de todos, Deus também não ouviu este pedido do Papa, e o resultado foi a primeira guerra do Golfo. O Presidente Bush pai, parece ter recebido de Deus ou dos seus conselheiros, uma comunicação em contrário, dizendo-lhe que era a hora de atacar. E atacou.

Numa carta aos bispos, no dia 30 de Maio de 1994, João Paulo, utilizando os seus poderes de infalibilidade em questões de fé, como representante directo de Deus, decretou:”A Igreja não tem autoridade para conferir ordenação pastoral às mulheres, e esta ordem tem de ser definitivamente respeitada por todos os fieis”.A ordem está em efeito, realmente, mas milhões de mulheres católicas à volta do mundo, ficaram ofendidas por serem relegadas para uma posição de subalternidade, e esta é uma das contradições que continuam a roer o coração feminino da Igreja. Neste caso, Deus também não ajudou o Papa a fazer com que todos os fieis aceitassem o seu édito., como se tivesse sido recebido directamente, do tal “poder que mais alto se levanta”.

Aos cardeais americanos chamados ao Vaticano no dia 23 de Abril de 2002, por causa do escândalo dos padres pedófilos, o Papa avisou: “O abuso que causou esta crise é, sob qualquer aspecto, erróneo, considerado um crime pela sociedade, e um grande pecado aos olhos de Deus.” João Paulo falou com o coração nas mãos, mas o estrago estava feito, devido à tal “tradição” dentro da Igreja, de ocultar os desvios dos sacerdotes, para evitar o escândalo, enviando os prevaricadores para outras paróquias, sem avisar os incautos paroquianos delas, á cerca das tendências sexuais dos ditos padres. Isto foi uma calamidade, que a Igreja está sofrendo ainda, mas Deus, também não avisou sua Santidade, de que tal vinha acontecendo há muitos anos , e que a maroteira não era de agora.

No dia 13 de Janeiro de 2003, quando a presente guerra do Iraque estava iminente, no seu discurso anual ao corpo diplomático acreditado no Vaticano, o Papa disse : “A Guerra não pode ser uma opção, mesmo quando está em jogo o bem comum, excepto como opção final, e de baixo de estritas condições , sem ignorar as consequências para a população civil, durante e depois das operações militares”. E, depois do início da guerra, a 22 de Março de 2003, João Paulo Segundo disse, numa mensagem pela televisão:

“Quando a guerra no Iraque ameaça os destinos da humanidade, é urgente proclamar, com voz forte e decisiva, que apenas a paz é o caminho a seguir, para construir uma sociedade mais justa e unida. A violência e as armas jamais resolvem os problemas dos homens”.As armas não resolvem os problemas dos homens ? Nisto não acredita decerto o nosso “piedoso, cristão e republicano loby dos fabricantes e vendedores de armas americanos, o qual afirma que todo o cidadão desta república criada por Deus, tem o direito sagrado e constitucional, de andar bem armado, com um pistolão à cintura. E quando mais potente, melhor.

Aqui, o Santo Padre estava certo, mas Deus, também não o ajudou a persuadir o Presidente Bush, a não ir para a frente com os pesados bombardeamentos das cidades iraquianas, matando não os supostos culpados, mas o povo inocente. E, ao fim e ao cabo, acaba de ser revelado agora, que a causa da guerra, não passou duma invenção da CIA e de outros serviços de espionagem. Será que Deus, na sua infinita sabedoria, quereria que o seu representante na Casa Branca, fosse mesmo para a frente com a chacina de iraquianos ?

Foi pena que Deus não tivesse ouvido os pedidos e rogos do Papa que, se para alguns foi um líder conservador de algumas tradições condenadas à ultrapassagem, foi igualmente um Papa humano, um líder carismático que o povo crente admirava, e que deu passos de gigante no caminho da convivência inter-religiosa. Mas, também nessa missão, não temos a certeza se Deus tenciona apoiá-lo até ao fim.

Oxalá que sim.

Manuel Calado*
*Jornalista nos EUA


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